segunda-feira, 23 de junho de 2025

SAGA DE MATEUS SIMÕES - DERROCADA DA BOA FÉ

Esta deliciosa história do antepassado dos Simões Pires veio contada pelo primo Flávio Stein Garcia. As famílias vão se ampliando e a história dos descendentes de Nicolau Stein acabam se encontrando com os descendentes de Mateus Simões em dois ramos. Um que ligou João Stein, filho de Nicolau, a casar com Gasparina Pires de Quadros e outro que levou netas de Nicolau a se casarem com meus tios Pires Garcia.

 

Pois olha vivente, vou contar para vocês uma história comprida que vi, ouvi e pesquisei durante este meus quase setenta anos.

Mas bueno! No início dos anos 1700, viviam na Freguesia de São Sebastião - Ilha Terceira do Arquipélago dos Açores, Um índio velho chamado Manoel Simões junto com sua mulher velha de nome Maria da Conceição. As condições econômicas no tal arquipélago vinham se tornando cada vez mais precárias, em virtude da superpopulação. Diz que a colonização do arquipélago se deu devido à abundância de madeira para a  construção de naus oceânicas e dai os portugas mandaram uns índios, diz que até uns tais de degredados para cortar a tal madeira. Mas ocorre que a madeira acabou e o povo teve de se dedicar a agricultura do trigo, feijão e outros, porem logo logo não tinha mais terra para tanta embretando a gurizada pois não tinha mais terra para tanta gente.

Dentro deste aperto nasce o filho deles um taura chamado Mateus Simões, isto em 1724. O piazote foi se criado vendo aquele aperto. Então surgiu promessas da Coroa de emigração para a as novas terras do Brasil, e ele então com 23 anos resolveu se aventurasse juntamente com a irmã Luciana para usufruir destas farturas de terras, mantimentos e perspectivas de progresso. Ora, pois! Logo Mateus que tinha o perfil empreendedor, jovem não ia apaixonasse pela possibilidade de expansão de horizontes?

Se meteu no tal navio cargueiro que vinha lotado que nem sardinha. O tal  navio cargueiro não tinha as mínimas condições para o transporte de migrantes. A viagem, que levou três meses, foi extremamente penosa. A falta de higiene tornava precária a convivência a bordo do navio. Não havia o habito do banho, e no navio não havia água disponível para este fim. Como o pessoal não mudava a roupa, o cheiro a suor e a sujeira acumulavam-se. O local onde dormiam, mesmo sendo diariamente lavado, não chegava a secar, fazendo com que a umidade aumentasse a pestilência do ar. "O transcurso era extremamente penoso. O ambiente no barco era promiscuo, os alimentos eram escassos, a higiene era deficiente, e a água apodrecia poucos dias depois de começada a viagem. A maior parte dos passageiros adoecia: febres, infecções intestinais, pneumonias, crises de fígado, escorbuto. A mortalidade era grande. Os corpos eram jogados ao mar. O escorbuto, ou mal de Luanda, era o que mais estrago gerava, provinha da carência de vitamina C, e era caracterizado por hemorragias".

Chegando à ilha de Santa Catarina, o quadro deprimente, era um contingente de farrapos humanos de jovens, mulheres e crianças. Mateus e a irmã foram inicialmente assentados na Colônia do Sacramento, hoje território uruguaio. Mal chegaram e um tal Dom Miguel Salcedo invadiu e expulsou uns quantos inclusive Mateus que teve de fugiu vindo para  em Rio Grande, sem seus haveres e pertences, tendo deixado lá sua  irmã Luciana que acabou casada e falecida naquela Colônia. 

Esta retirada da Colônia de Sacramento se deu em 1754.  Mateus, com 30 anos, foi novamente reassentado, agora na cidade de Rio Pardo, onde recebeu uma data e mantimentos para reiniciar a vida. 

Em 1757, com 33 anos, casou em Rio Grande (por procuração) com Catarina Inácia da Purificação, de 20 anos de idade, também açoriana e que conhecera em sua estada em Rio Grande. 

Com sua estada em território uruguaio e na cidade de Rio Grande, junto com o fato de o exército ter um quartel em Rio Pardo, vislumbrou a possibilidade de estabelecer comércio com esta unidade militar. Foi o que fez, trazendo estes mantimentos do Uruguai, por carretões até o Rio Grande e embarcados até Rio Pardo. 

O negócio ia prosperando até que quando tinha 41 anos, quando voltava de uma de suas viagens ao Prata, com carretas de suprimentos para sua loja em Rio Pardo teve a má sorte das forças de invasão, por ocasião da tomada da Vila de Rio Grande-(1763), lhe causado o extravio de seus transportes e mercadorias que foram assaltados e roubadas.

Logo a seguir, muito provavelmente por causa deste incidente que devem ter abalado suas finanças, empreende uma viagem à terra natal para buscar haveres relativos a uma herança, tendo sido portador, por parte de patrícios de trazer também haveres oriundos de seus parentes. De retorno da viagem aos Açores trazendo estes dinheiros quando chegava à Ilha de Santa Catarina esta estava sendo invadida e ocupada pelos espanhóis, comandados por Ceballos. Nesta ocasião foi preso, teve seu dinheiro confiscado e como muitos outros, remetido para o Prata, com destino ao Vice-Reino do Chile. Ficou muito tempo em poder cesta gente até que conseguiu, afinal, libertar-se em Montevidéu, possivelmente por suas relações como negociante de suas relações comerciais, se dirigiu a casa de sua irmã na Colônia do Sacramento que lhe providenciou cavalos e um escravo para seu regresso a Rio Pardo, onde o aguardavam angustiado, a família e seus amigos. Porem como tinha perdido cerca de 25.000 escudos, a maior parte dos outros patrícios, agravando-lhe as finanças.

Endividado lançou-se a trabalho arduamente, primeiro com o comércio de mulas para Sorocaba, ele levava a tropa, e lá ouviu da possibilidade de arranjar uma representação com importadores no Rio de Janeiro o que reforçaria seu comércio no Rio Pardo, foi o que fez junto a Antônio Luís Escovar Araújo, conseguindo de imediato devido a seus negócios com o exército e a grandes fazendeiros. Estes fornecimentos eram fazendas e molhados; aguardentes, vinhos e algum pano de linho, miudezas, gêneros do país e de Europa, como cabos, alcatrão, breu, pregos, estopas, linhos, fitas e escravos. 

Bom também não é tudo desgraça, em 1766, nasce seu filho Antônio, nove anos depois do casamento. 

Como existia carência de moeda corrente na colônia era usual o escambo por gado e afins para saldar dívidas, e com isto Mateus se viu possuidor de avultado rebanho de gado sem possuir campos isto levou Mateus em 1768, já com 44 anos, requer e ganhar a sesmaria do Capivari com três léguas de sesmaria cujas razões o um tal de conde de Rezende assim esclareceu:

[...] atendendo a representar-me Mateus Simões Pires, morador do Quartel de Rio Pardo, que vive de seu negócio de fazendas secas o qual tinha porção avultada de animais vacuns e cavalares por ter recebido em pagamento das mesmas, e por não ter onde os prender e criar e do outro lado do rio Tabaquã se acharem um rincão. O processo de seleção desse senhor guiou-se por dois critérios básicos: primeiro, a existência de um número máximo de fontes, ou seja, foi escolhido entre aqueles para os quais conseguimos reunir a maior quantidade e variedade de documentos referentes aos seus cativos. Segundo, a representatividade desse senhor quanto à definição de suas ocupações, de modo a estabelecer certa amostragem entre os maiores plantéis devoluta, nos galhos do Capivari para cuja parte faz frente com as caídas que deságuam nos ditos arroios. O suplicante é casado, e com família, tinha vinte escravos, foi prisioneiro dos espanhóis na ilha de Santa Catarina, donde perdeu vinte e cinco mil Cruzados e estive naqueles domínios bastantes anos, e hoje esta pagando o que naquele tempo perdeu, por ser a maior parte alheia, e para melhor poder acudir ao seu crédito e honra: me pedia lhe mandasse passar uma sesmaria

Quando tinha 49 anos, ano de 1773, constitui sociedade com João Pereira Fortes, nos seguintes termos: Eles, amigavelmente, tinham: 1)-Povoado uma estância chamada de "Guardinha", na qual possuíam animais vacuns e cavalares e cria de bestas muares, com casas e currais; 2)-que da mesma forma possuíam do outro lado do Rio Guaíba (sic) outra estância chamada de "N.Sra. do Rosário"... na qual também possuíam vacuns e cria de mulas; 3)-que também entre ambos possuíam mais seis escravos a saber: Manoel, Vicente, Mateus, Antonio, José e Raimundo; 4)-que da mesma forma possuíam uns campos em que cada um tinha sua casa e roças separadas, em cujo campo tinham entre ambos uma atafona... E que todos os bens expressados, disseram que de hoje em diante ficavam sócios em tudo o que se achasse dentro das ditas duas estâncias, e os escravos declarados e no campo e atafona que declararam, onde eles, sócios, tinham suas casas de vivenda e que, quanto aos  animais que neles se achavam, pertenceria a cada um, os bois de sua marca, como também casas e roças; cada um trabalharia para si com os escravos que cada um ali tivesse seus e que no mais, de hoje em diante, ficavam sendo sócios tanto em ganho como em perdas; 5)-que, outrossim, dos desfrutes de suas fazendas tinham eles feito uma tropa de mulas e potros, que ele sócio, Mateus Simões, presentemente, a ia dispor a São Paulo, a qual também entrava nesta sociedade e por conta de ambos que ia dispor a são Paulo; 6)-que outrossim, seriam sócios em todo e qualquer negócio que da cidade do Rio de Janeiro se fizesse conveniente, tanto em fazendas secas e molhadas, como de escravos que se remetesse para a dita cidade, em tudo seriam sócios, tanto em lucros como em perdas, cuja sociedade faziam pelo tempo de dez anos, que terá princípio de hoje em diante e que todo o aumento e despesas que se tivessem nas ditas estâncias e negócios já declarados, seria por conta de ambos e que nenhum pediria um ao outro remuneração de trabalho dos custeios da dita sociedade, e que quando apartassem, findo o dito tempo, partiriam tudo o que houvesse  pertencente à esta sociedade e, nestes termos, havidos e ajustados me pediram, a mim Tabelião, lhes fizesse este instrumento, nesta nota que lhes li e disseram estar a seu gosto e aceitavam e pediam às Justiças de S.M. lhes fizesse dar inteiro cumprimento..."

A estância do Capivari, com três léguas de sesmaria, estava em sua posse desde 1768, como se depreende do texto de sua carta de sesmaria.
Trata-se da estância denominada "N. Senhora do Rosário” que, como vimos, foi incluída nos bens formadores da sociedade em 1773.

Em 1780, a sociedade adquiriu a sesmaria do "Capão Grande" por compra ao tenente José da Silva Balday e também a da "Boa Vista" comprada a Santos Martins; teve ainda outra sesmaria denominada do "Piqueri".

Em 1782 Antonio Pereira Fortes, filho de João Pereira Fortes, era lindeiro com Mateus Simões Pires na sesmaria da Guardinha e teve com este uma divergência por questão de extensão de propriedade, assunto que foi dirimido pela intervenção do Governador, brigadeiro Marcelino de Figueiredo. 

Em 1783, finda a sociedade entre João Pereira Fortes e Mateus Simões, conforme previa no contrato inicial.

Registre-se que em 1784, João Pereira Fortes teve uma propriedade no Capivari, com uma e meia légua de comprimento por meia de largo, sendo seu confrontante o filho de Mateus Simões, Antonio Simões Pires então com 18 anos. (muito possivelmente ou esta era a sesmaria de São João ou se referia a que ele estivesse gerindo a sesmaria do Capivari).

Em 1790 então com 76 anos, Mateus Simões requereu sesmaria de campos, situados em Bagé, ao Sul do Rio Camaquã, tendo o Dr. José de Saldanha dado seu perfil financeiro nestes termos: "O suplicante, bem estabelecido neste quartel, tem uma estância nos galhos do Capivari que comprou outra no fundo do Rincão de São Sepé (sic), também por ajustes, uma boa chácara perto desta freguesia e grandes casas neste povo..."

Os dois campos de Mateus no Rincão de São João (ou São Sepé) eram as sesmarias da "Aroeira" e a do "Rincão das Timbaúvas", este último medindo três léguas de sesmaria, foi em 1816, transferido como sobras (!) à Inocência Umbelina de Jesus, filha de Antonio Gonçalves Borges, cunhado de Mateus Simões...

Estes novos campos que Mateus Simões requereu por título de sesmaria, foram vendidos em 1794 a Domingos Rodrigues Nunes. Supomos que Mateus já com 70 anos, com o filho Antônio com 28 anos, gerindo o Capivari tornara-se difícil sua conservação.

Em 1819 morre Mateus Simões em Rio Pardo com 95 anos e um ano depois morre sua esposa Catarina Ignácia da Purificação deixando somente dois herdeiros: Vicência Joaquina solteira e Antônio Simões Pires, que já vimos geria a Sesmaria do Capivari desde 1784. No inventário post-mortem, o casal possuía duas estâncias: Capivari e São João, além de um sítio, ambos as propriedades com partes anexas.. Nessas grandes extensões de terra, o casal dedicava se à criação de animais. Possuía 5.698 cabeças de gado, sendo 4.560 reses e bois mansos, 820 eqüinos entre cavalos, éguas, potros e redomões, 218 mulas e 100 ovelhas.

Antônio Simões Pires, (1766 +1856) casou com Maria do Carmo Violante de Vasconcelos tiveram os seguintes filhos por ordem de nascimento: Januário S. Pires; Anna Eulália de Vasconcellos; Antônio S. Pires; Rosa Violante de Vasconcellos; Joaquim S. Pires; Luciana Prudência S. Pires; Gaspar Simões Pires; Vicente de Paula S. Pires; Manoel S. Pires (1792 + 1849); Maria Esméria S. Pires  ;Agueda Francelina S. Pires; Francisca Fortunata S. Pires

Considerando que Antônio já administrava as sesmarias do Capivari e a São João,  e já estivesse com cinqüenta e um anos, e tanto Gaspar como Manoel estivesse com vinte e seis e vinte e três anos respectivamente, imagino que os tenha colocado a frente da gestão destas duas propriedades. As meninas e os outros devem ter permanecido em Rio Pardo e mesmo nas propriedades desfrutando das benesses de serem os filhos de fazendeiros, sendo abastecidas pelos irmãos. Daí a comprarem as partes deles e ficarem com o negócio foi conseqüência.

Partindo desta hipótese de que Gaspar tenha ficado com a sesmaria de São João, situada depois do Cerro Grande em direção a Encruzilhada e de Manoel ter ficado com a do Capivari, seguiremos a descendência de Manoel.

 O casal Manoel S. Pires (1792 +1849) casado c/ Rosa Agueda de Mattos tiveram os seguintes filhos: Catarina Pires Franco; Ignez Carolina (donas da Estância); Emerenciana Marcolina (donas da Estância); Umbelinda (casada com Sérgio Simões Pires); Maria Eulália (casada com Jose Rodrigues); Ana Eulália S. Pires; Antônio Manoel Simões Pires; Israel Simões Pires; Ezequiel S. Pires; Manoel Simões Pires.


Como os primeiros seis filhos eram meninas coube a Antônio Manoel assumir os negócios.


Considerando que na Estância ficaram Emerenciana Marcolina e Ignez Carolina, podemos concluir que era lá a sede da Sesmaria do Capivari, reforçando esta hipótese está o estilo construtivo da casa, como as senzalas e a posição geográfica.


Antônio Manoel Simões Pires casado com Maria Aldina de Mattos teve três filhos: Manoel Ozório Simões Pires; José Carlos S. Pires; Rosa S. Pires

Da mesma forma que a sucessão anterior Manoel Ozório por ser homem e primogênito, assumiu os negócios, tendo deixado os campos da Estância para as tias e construído a casa da Boa Fé.

Manoel Ozório Simões Pires (Vovô Maneco – Fazenda da Boa Fé) casado com Maria Aldina de Mattos – (Ela se negou a morrer, tinha um câncer de seio, para que se completasse a escrituração da fazenda, e assim deixa-se a metade para os filhos, e foram estes campos que herdamos). Tiveram os seguintes filhos: Luiz Gonzaga (marido de Alverina Garcia Pires - tia Yaya – Estância). Esta fração de campo foi herdada por morte das tias; José Maria; Ozório; Álvaro (tio Álvaro); Almerinda (esta é a vovó Doca); Antônio Manoel (Tio Antônio o reprodutor do Capivari); Dalila; Rosa Amabilia (tia Rosa); Natércia (tia Natércia); Maria Ricarda; Helena (tia Donga); Edelmira ( tia Loura); Diva; Carlinda (campos da estância); Jose Carlos; Lacerda

Vovô Maneco já na construção da casa da fazenda mostrava sua soberba e seu gosto pelo desfrute das benesses de um abastado fazendeiro. Dando vazão a seu espírito conquistador, possuía uma amante em cada canto da fazenda. 

Na administração de seus vastos domínios permitia que os agregados desfrutassem a tripa forra dos seus recursos, tendo chegado ao ponto de matarem somente novilhas para seu consumo, retirando os quartos e deixando o resto para os corvos. (eu vi no rodeio, ainda preservado, estas ossamentas).  

Junto a ele juntaram-se muitos aproveitadores como Feliciano do Passo (ou Feliciano Nota Grande) que promoviam Califórnias memoráveis, (Califórnia são reuniões de carreira com duração de uma semana). Nestas festas consumia-se carne, bebidas e outros que tais, por conta de Manoel Ozório. Também o mulherio fervilhava em torno do fazendeiro montado em seu reprodutor Batovi, com seu indefectível pala branco e seus apêros chapeados de prata e ouro.

O reprodutor Batovi foi comprado a peso de ouro do hipódromo dos Moinhos de Vento em Porto Alegre. Era tratado a pão-de-ló, e deu início às Califórnias da Boa Fé. Ocorre que a parceria visando tirar dinheiro de Manoel Ozório arranjava competições em que conseguiam todo o tipo de estratagemas para que o cavalo acabasse perdendo ou tivesse de pagar depósito.

Vovó Morena vendo este quadro, mesmo estando muito doente, com um câncer de seio, já aberto, se negava a morrer sem antes ser concluído o inventário de seu sogro Manoel Simões Pires, assim garantindo, depois de sua morte, o seu quinhão aos filhos. Foi isto que garantiu as terras herdadas por nos.

Morta à esposa que de alguma forma segurava os ímpetos do marido, este aumentou os esbanjamentos e boa vida. Netas altura já estavam incorporados ao lado dele o tio Álvaro e o tio Zeca Garcia. 

Repartida entre os herdeiros a herança de vovó Morena, ficou o vovô Maneco livre para tocar seus haveres sem a crítica dos filhos que sempre estiveram ao lado da mãe.

Com toda aquela imensidão de campos, Manoel Ozório foi convencido pelos parceiros à tira empréstimo ao Bando do Brasil, para plantações e compra de gado, que com o inventário, nesta altura estava rareando pelo mau manejo e esbanjamento. Como se pode imaginar o dinheiro foi gasto em festas e em idéias mágicas. Conseqüência, não houve dinheiro para saldar o empréstimo que foi renovado, com hipoteca da Boa Fé, e novamente não saldado. Na iminência da execução meu avô Timóteo (casado com Almerinda Pires Garcia) se dirigiu a seu sogro, prontificando-se a comprar a fazenda, saldando a dívida e deixando um avultado dinheiro para Manoel Ozório. Aí entraram as figuras de Álvaro e Zeca Garcia, que fecharam questão de que Manoel Ozório não poderia permitir que um genro fosse ficar com tudo. Apesar da insistência de Timóteo o negócio não foi feito e ato contínuo o Banco ficou com a fazenda, sem nada sobrar a Manoel Ozório, que ficou na miséria, (os a ”amigos” sumiram). Como não tinha para onde ir meu avô ofereceu uma casinha que tinha na invernada dos juncos, ali perto de casa, à sombra de um capão de eucaliptos, tendo vivido miseravelmente até sua morte solitária.

E a Boa Fé foi leiloada pelo banco e arrematada pelos Azambuja, que enfim, eram lindeiros.

Nota do Flávio : Esta é a casa da Boa Fé, onde o vô morou antes do ranchão, que fica descendo esta estrada, a uns 300 m. do ranchão até o Passo do Canto fica outros 200 m.


Esta casa era sede da sesmaria de meu bisavô, Manoel Osório Simoes Pires, que  tinha duas sesmarias.



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